Com um chapéu na cabeça
Não existe mesmo, não existe mesmo.
Uma formiga arrastando uma carroça
Cheia de pinguins e de patos
Não existe mesmo, não existe mesmo.
Uma formiga a falar francês,
A falar latim e javanês
Não existe mesmo, não existe mesmo.
Hei! E por que não?
(Robert Desnos)
Eu não sou muito entendida de poesia. Daí ia passar nessa primeira semana. Mas resolvi postar esse aí. Que talvez seja meu poema preferido, de um poeta que eu descobri quando já era velha. Eu geralmente gosto de poemas só quando eles são muito fofos ou muito tristes. Esse é fofo e triste. Fofo porque fala de formiga. Um bicho que nem é polêmico. Imagino que todo mundo adora. E é triste porque impossibilita. A formiga de usar chapéu e andar de carroça. Quando eu li, pela primeira vez, pensei que era uma vingança. Porque, claro, me lembrei da cigarra. Que se diverte, enquanto à formiga tudo é vetado. Daí pensei "ah, que legal, ele colocou chapéu na formiga" e tal. Pensei que a formiga estava se divertindo. Mas sem parar há a repetição. Não existe mesmo, não existe mesmo*. Daí fico triste. Com tantas proibições para todas as coisas simples.
*ça n’existe pas, ça n’existe pas, em francês. Ui.
Mary, que seria de nós se não fosse você?
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