Vou fazer uma coisa feia, vou requentar um texto do meu blog. Mas não vejam isso pelo lado ruim, considero um momento bem lúcido, talvez meu texto favorito. É até engraçado reler três anos depois. Uma releitura pós moderna de Jorge Ben. Música, talvez poesia... Enfim, eu o curto as pampas.

Abro aspas para mim mesmo.

(16/04/2006) É de se esperar que um show com o compositor das mais ricas rimas do território nacional seja essencialmente divertido e proveitoso, não?

Não necessariamente, eu respondo. Porque uma festividade com suas duas mil pessoas presentes é sempre o melhor local para se encontrar face-to-face aquela pessoa com quem você realmente não deseja encontrar. E lá estava ela. Ela estava ali. Ou será que fui eu que ali fiquei sem sequer pedir a menor licença? Não, isso é do Skank.

Fato é que ela é um ex-futuro-improvável-inviável-rolo. Uma coisa muito complexa e muito prolongada. E um belo dia eu resolvi abrir o meu coração. E ela resolve aparecer e olhar bem fundo nos meus olhos justamente no momento em que o mágico Babulina fazia-me cantarolar que por causa de você batia em meu peito baixinho quase calado um coração apaixonado por você. Menina, menina... que não sabe quem eu sou. Menina, que não conhece um grande amor.

"PUT# Q#% P#$#%!", gritei para o meu subconsciente, enquanto eu dizia que você passa e não me olha, mas eu olho pra você. Você não me diz nada, mas eu digo pra você. Você por mim não chora, mas eu choro por você!

Deveria ter olhados nos olhos e visto o que ela faria ao sentir que sem ela eu ia bem demais! Mas não. Não somente porque isso é do Chico. Mas porque eu não ia, simplesmente. Por entre bancários, jatomóveis, ruas, avenidas; as milhões de buzinas tocando em harmonia sem cessar pouco importavam. Estava simplesmente no meio da rua, do mundo, no meio da chuva... a girar e pensar: "Que maravilha!".

Pois ela com essa mania sensual de sentir e de olhar. Com esse jeito contagiante fiel e sutil de lutar. Eu certamente sei, ela acabou me conquistando. Mas o telefone tocou novamente, ela foi atender e era seu amor! Pois eu estou muito zangado comigo! Que pena... Ela nunca foi nem será a minha pequena! Ela não é minha menina e eu não sou o menino dela!

Mas eu não vou chorar! Eu vou é cantar! Porque a vida continua e eu não vou ficar sozinho no meio da rua esperando que você me dê a mão! Eu não! Porque eu posso não ser um bandleader mas os meus amigos, meu camaradinhas me respeitam! E embora digam que essa seja a razão da simpatia, do poder, do algo mais e da alegria; eu discordo. Pode até ser um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza! Mas que beleza! Em fevereiro até pode ter carnaval, mas eu não tenho um fusca nem um violão tampouco uma nega chamada Tereza!!

Cadê Tereza? Assim não dá! Comprarei um chinelo, um baralho e uma navalha e nada de trabalho! Apesar de que, se o malandro soubesse como é bom ser honesto, seria honesto somente por malandragem! Caramba!

Mas malandro que é malandro não bobéia, já diria Galileu da Galiléia! Bebete, vamos embora! Pois já está na hora e quem não descer agora só em Realengo! O jeito é esperar alguém sambalançar para mim e eu poder comprar sandálias de prata!

Mas como eu já disse, a vida continua! Take it easy, my brother Charles! Não foi a mais linda história de amor que o mundo jamais ouviu falar, mas muito mais importante do que isso é que no final, o amor que você cede é equivalente ao amor que você recebe!

Ah não! Isso é dos Beatles!

Fecha aspas.

Link original, só pra não ficar na saudade =)