Minh'alma de sonhar-te anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver.
Não és, sequer, a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida.
Não vejo nada, assim enlouquecida!
Passo no mundo, meu amor, a ler,
No misterioso livro do teu ser,
A mesma história tantas vezes lida.
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa."
Quando me dizem isso, toda a graça
Duma boca divina fala em mim.
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim"
Florbela Espanca
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