segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Eu aprendi a ler antes dos 4 anos. Minha avó Amélia, semi-analfabeta, com aqueles olhos lindos, foi quem me ensinou.
Em casa tinha alguns livros, umas enciclopédias genéricas, e foram por estas que comecei. Todos os volumes. TODOS. Li tudo. Eu não era de sair de casa, a mãe não deixava brincar na casa das colegas, nem na rua, e em cidade pequena não tem muito o que fazer, só pegavam 4 canais na TV. Então eu lia. Um dia eu cheguei no verbete "sexualidade" e as minhas sobrancelhas se arrepiaram. Fiquei muito, muito assustada com aquilo tudo, mas eu li assim mesmo, até o final.
Descobri a biblioteca pública, fiquei amiga do bibliotecário. Li tudo o que estava disponível do Monteiro Lobato. João Carlos Marinho. Ruth Rocha. Coleção Vagalume. Fernando Sabino. Depois passei para os livros mais adultos. Li Jorge Amado escondido e não gostei (tinha 8 anos, pôxa).
Hoje eu me envergonho do pouco que leio. Muito pouco perto da minha "produção" quando tinha 8, 9 anos. Era voraz. Tenho um amigo que era assinante de revistas em quadrinhos; tinha centenas delas. Li todas. Passava o dia com a cara enfiada em páginas com cheiro de poeira e mofo.
Lia o jornal do vizinho, antes dele, inclusive (oi, Dezinho!). Ia lá, na maior cara de pau, pegava o jornal no balcão da loja dele, lia e devolvia. Todos os dias. E ele nunca reclamou. O caderno de informática d'O Globo, recém-lançado, publicou uma carta minha quando eu tinha 12 anos.
Pedia livros de aniversário e Natal. Com 9, 10 anos. Normal, pra quem pediu uma máquina de escrever de presente aos 8 (e ganhou).
O tempo passou.
A vida de adulto me trouxe tantos assuntos sérios que eu fico sem tempo para tentar coisas "novas". Tenho livros embalados ainda no plástico, me esperando. Pelo jeito, vão esperar muito, mas, apesar de tudo, ler ainda é meu sonífero. Quase impossível dormir sem ler umas páginas. Atualmente, estou lendo "1001 vinhos para beber antes de morrer" (é chato até pra quem gosta do assunto, como eu, mas as fotos são lindas) e "As 100 melhores crônicas brasileiras", esse sim uma delícia.

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