quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Truques

Houve um tempo em que me vi desempregada e morando em cidade estranha. Restava-me a TV, quando ficava sozinha, à tarde. Sem saco pra Ferris Bueller e/ou Lagoa Azul, me acostumei a assistir a Rede Mulher. Existe ainda? Então. Tinha uns programas de culinária de produção pobrinha, cafonas, daqueles que tocam música de elevador na hora de jogar os ingredientes no liquidificador. Era um atrás do outro, o de micro-ondas, o de comidas light, o vegetariano. E o programa do Luiz Cintra. Engraçado. Eu não sabia cozinhar, quem mandava nas panelas era o então recente marido, mas anotava as receitas mais interessantes numa agenda. Aquele chef fazia os pratos mais complicados e não dava as receitas com detalhes. Dizia: “Não tem todos os ingredientes? Pega o conceito e faz o que puder”. E ensinava truques, como tirar o talo do alho ou a forma mais rápida de picar cebola. Coisinhas.

Mil anos depois, fui obrigada a aprender a cozinhar pra fazer papinha. E sabe como é: se você vai fazer um purê de batatas pro bebê, faz já pra todo mundo. Finalmente entrei de cabeça no mundo das panelas.

Às vezes lembro das dicas e dos truques do Luiz Cintra, pois perdi a agenda numa das tantas mudanças. São pitadinhas que dão personalidade ao sabor. É jogar shoyo no frango acebolado, em vez de sal. Botar cenoura ralada no arroz integral. Juntar tomilho e vinho à tradicional carne de panela. Usar bastante ervas frescas. São aqueles toques sutis que dão sabor especial à comida rotineira. Era isso que eu tinha a contar sobre comidinhas. Pegou o conceito?

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