sexta-feira, 4 de setembro de 2009

I'm sorry but... who are you?



"Mas você se corresponde com gente famosa?" Sim, às vezes. Faz parte do meu trabalho. Algumas famosas, outras nem tanto, algumas muuuuito famosas, outras despontando para o anonimato.

Faz um tempo, entrei em alguns fóruns de um cantor americano muito famoso. Eu adoro a voz dele, adoro as músicas que ele fez. São únicas. E fico absolutamente passada quando me deparo com temas como "O que você faria com Fulano no Dia dos Namorados". Como assim? Pois você ama o homem? Mas você nem CONHECE o homem! E aí tem declarações de amor rasgadérrimas, constrangedoras, às vezes resvalando no mau gosto (e o pobre já deu mostras que O-DEI-A isso).

Ah, sim, bora falar mal de celebridade. Bom, quando eu comecei a trabalhar em jornal, fui um dia entrevistar Paulo Autran, que ia fazer apresentação única de seu shakespeareano "A tempestade" aqui no Rio, no então Metropolitan. Fiz a entrevista e, obviamente, fiquei para apresentação. Depois, fui à festa, cheia de starlets & imprensa & famosos. E aí conheci um ator que, confesso, sempre foi lindo de babar. Conversa daqui, conversa dali, ele me chamou pra sair. Marcamos e, no dia, eu vi que fama e beleza, senhoras e senhores, mata qualquer deslumbramento.

Claro que eu estava deslumbradérrima. Mas logo depois de ele parar em lugar proibido, humilhar o flanelinha, furar a gigantesca fila do restaurante, passar a noite se achando a bala que matou Kennedy (de tédio) e criar encrenca por causa de R$ 0,50 na conta (que ele tentou empurrar como cortesia na base do "Fulano está aí?"), eu vi que não, não é bem assim.

Porque você diz: "Ai, eu amo o Beltrano!". E faz declarações de amor como se o homem fosse aquela pessoa que esteve com você a vida inteira - o que não é, absolutamente, verdade. Conheço atrizes mentirosas compulsivas; grandes cantores que surravam sistematicamente suas mulheres; escritores que humilham publicamente seus filhos. E, mesmo assim, todos são alvo de amor incondicional. Gente histérica chorando e se desmanchando quando o dito aparece "casualmente" para o grupo de fãs à espera dele na porta do teatro.

Não tenho paciência pra tiete. Tem como amar alguém que não sei se é encantador com idosos ou rói as unhas, deixa sua roupa suja pela casa ou limpa as migalhas de pão da mesa? É mesquinho, come do prato dos outros sem pedir e abomina crianças - ou faz parte dos 0,0000726% dos homens inesquecíveis ainda existentes sobre a face da Terra?

Não, não dá.

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2 comentários:

  1. Eu que também sempre convivi com "celebridades", fico pensando como tem gente podre. Mas certamente, eles se mostram mais que os não famosos igualmente podres.

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